O Balanço do [Pato] Mundial…

É sempre difícil fazer uma análise objectiva e completa de uma prova na qual participamos. Antes de mais, há que falar de um modo geral, sem focalizar na nossa selecção. O que foi a Taça do Mundo 2006 na Alemanha ?

Primeiro foi uma prova muito competitiva aonde as equipas com mais experiência, solidez e determinação chegaram mais longe. Uma França ferida pela falta de confiança do pais inteiro, uma Alemanha determinada a provar que pode jogar bonito e chegar longe na sua própria casa, uma Itália sempre solida e com a sombra do «calciocaos» em cima e um Portugal diferente do passado, menos bonito mas mais competitivo.

Esta competição trouxe poucas surpresas, deixou pouco espaço as fantasias e aos erros, não permitiu que o « joga bonito » chegasse para ganhar, impediu que um estranho 2002 se produzisse outra vez. Isto não quer dizer que não se tenha visto bons jogos e bom futebol. Muitos golos de longe, uma bola « mágica », grandes defesas, muitos gestos defensivos excelentes. Equipas Africanas muito amadoras, uma Austrália surpreendente, os Asiáticos a voltar ao sitio, a América do Sul a mostrar os seus limites face a uma Europa com pouca vontade de ser surpreendida. A Argentina podia ter feito mais, o Brasil teria chegada mais longe com mais humildade, mas a velha Europa estava pronta e determinada a vingar-se de 2002. Mais do que o talento, foram as qualidades psicológicas e a força mental que permitiram resolver certos jogos.

Para além dos jogos da nossa selecção, ficarão marcados alguns momentos na memória do Pato. Um jogo de abertura empolgante com bonitos golos e uma surpresa chamada Equador. As boas equipas da Suíça e Ghana, as decepções da Servia e da Republica Checa. A força da Espanha que se transformou em excesso de confiança. Uma Alemanha agradável a ver jogar. O jogo fabuloso da Argentina contra a Servia a contrastar com um Brasil a jogar apenas o suficiente para ganhar. Aqueles golos do Joe Cole, de Maxi Rodriguez, de Lahm…

A Itália é um justo vencedor. Teve um percurso se calhar mais fácil que os outros semifinalistas mas pelo que mostrou em campo tanto no aspecto individual como colectivo mereceu levar a taça para Roma. Pena aquele gesto inqualificável e imperdoável de (um grande jogador) Zidane a manchar uma final, um final de carreira. Adieu Zizou…Et ne reviens pas!

No meio destes bons momentos há que referir que a arbitragem esteve mal. Um excesso de rigor que em vez de trazer disciplina e bom futebol, causou desordem e impediu os árbitros de reduzir a tensão presente nos desafios.

E Portugal ?

Antes de tudo, obrigado a selecção portuguesa ! O Pato vai comentar, criticar, argumentar porque nada é perfeito sobretudo quando não se vai até ao fim MAS que fique claro: p’ra mais que o Pato possa dizer, esta selecção é intocável pelo percurso que fez e as alegrias que nos trouxe.

Mas como nada é perfeito…

Portugal não jogou bem, construiu pouco, atacou mal mas lutou muito. Scolari conseguiu criar um grupo solido e unido com um espirito que todos nos gostamos de ver. Um espirito de vencedor que nos permitiu evitar as más surpresas da primeira volta. Contra equipas que podiam ter feitos estragos se não estivéssemos estado atentos. Uma determinação a toda a prova que fez com que deixássemos para traz, e em inferioridade numérica, uma Holanda maldosa, ranhosa e vergonhosa. Uma coragem excepcional que nos garantiu a vitoria sobre uma Inglaterra com muito talento mas com pouca « equipa ». Mas isso tudo não chegou. A França soube tirar partido de um arbitro inteligente « à la Platini » e de uma clara vantagem a nível da potência e das capacidades físicas.

POSITIVO...

Scolari : Nem sempre estive de acordo com ele. Cometeu erros. Falhou porque não chegou ao fim. Mas os resultados calam o bico ao Pato. Mais do que isso. A maneira de ele viver os jogos, de sofrer por Portugal, de lutar pela nossa selecção merecem o respeito e a admiração. Ele construiu algo. De acordo ou não. Vitorias ou não. É um facto. Por isso, o Pato junta-se ao apelo dos jogadores e dos milhares de portugueses : Scolari FICA !

Ricardo : Paradoxal como esta frase : « És um g'anda guarda-redes seu frangueiro ». Parabéns porque realmente ele esteve em grande plano. Calou o bico ao Pato e não só…

Miguel : Foi só o melhor lateral direito do mundial. Talento e coragem. Técnica e força. Um senhor jogador.

Fernando Meira e Ricardo Carvalho : Começaram a tremer e acabaram em grande. Tanto um como o outro foram gigantes numa equipa que teve que defender muito...e com eles...foi muito e bem.

Maniche : A par de Figo foi o melhor jogador da selecção. Incrível este jogador. Uma força mental fora do comum aliada a qualidades futebolísticas de grande nível. Maniche merece estar presente na lista dos 10 melhores jogadores do mundial. Obrigado Maniche.

Figo : Não há palavras para qualificar o seu mundial e a sua carreira. Resta só agradecer e rezar para que pelo menos um outro Figo apareça nos próximos 20 anos. Obrigado FIGO...as tuas figuetas fizeram-nos sonhar...

DUVIDAS...

Nuno Gomes : Merecia mais. Era sem duvidas o melhor dos três pontas de lança. O único com poder de luta no meio dos centrais. O único com as qualidades para dominar a bola, guarda-la e dar tempo a equipa para subir. O único com as qualidades para se desmarcar e jogar na área. Com certeza o maior erro de Scolari.

Simão : As vezes bem mas muitas vezes insuficiente. Tem talento. Sem dúvida. Mas falta-lhe algo para jogar ao mais alto nível. Capacidade de drible no « um contra um » e poder físico para ganhar espaços. Muito bom quando é para jogar em contra-ataque. Precisa de espaço para embalar e fazer aberturas para o ponta de lança. O que fez em campo não chega para ser considerado o trunfo atacante capaz de criar perigo.

Deco : Pouco há a dizer. O talento esta lá, a vontade também. Mas como muitos dos jogadores que tiveram uma época cheia (Henry, Ronaldinho,…) faltou-lhe frescura física. Pena…

Ronaldo : As vezes impressionante, as vezes desesperante. Tanto talento, tanta velocidade e tão pouco inteligência. Ronaldo é jovem e precisa de amadurecer para ser o que ele pensa que já é : indispensável.

Nuno Valente : Esteve em bom plano mas não é o equivalente de Miguel no lado esquerdo. Por isso já é tempo de encontrar um defesa esquerdo de talento. E esse defesa esquerdo também não é Caneira.

Petit : Não esteve mal. Lutou muito. Mas se calhar esteve discreto de mais. Parecia mais fraco psicologicamente. Pena porque era preciso aquele Petit guerreiro

Hugo Viana : Jogou pouco mas quando entrou para o lugar do Tiago, estranhamente o Pato gostou.

O banco de selecção : As alternativas reais eram poucas, faltou um pouco mais de qualidade no banco de Portugal.

NEGATIVO...

Pauleta : Um goleador invisível. Pauleta é muito bom mas não suficientemente bom para jogos de altíssima competição. E mais nada. Lutou, correu mas não soube fazer mais. Não porque não quis mas sim porque não pode. Adeus Pauleta…

Postiga : Mole ao ponto de meter raiva. Cheio de truques mas com muito pouco futebol. É melhor acordar e esforçar-se para não acabar a jogar no Odivelas daqui a três anos.

Tiago : O Pato gosta muito deste jogador. Mas que decepção. Que lentidão. Teve oportunidades que não soube agarrar.

Costinha : Andou com a cabeça perdida. De ministro passou a ser um jogador sinistro. Muito longe do Costinha que já foi.

O balanço esta feito. As criticas não chegam aos pés da ALEGRIA que o Pato viveu - dos FESTEJOS em que o Pato participou - do ORGULHO de ser português (no estrangeiro).

Por isso tudo e muito mais :

Obrigado aos jogadores, obrigado Scolari e VIVA PORTUGAL !!!

Quac...